O planejamento é algo necessário e indispensável para os projetos, potencializando as chances de sucesso através das entregas planejadas que geram os produtos e serviços. O planejamento aponta o caminho para a conquista dos objetivos.
No artigo de hoje, vamos falar um pouco sobre como realizar o planejamento utilizando o conceito de agilidade. Esse conceito nos remete ao pensamento enxuto, estruturando as entregas com foco no valor que será entregue de maneira constante e em ciclos curtos para os clientes.
Então, se você se interessou pelo tema e mais ainda em entender como aplicar os conceitos de agilidade em seu planejamento, você está no lugar certo!
Esperamos que você aproveite a leitura e consiga refletir sobre como estruturar um planejamento ágil para realizar as entregas de valor constantes e em ciclos curtos para os seus clientes.
Continue com a gente!
Se para quem não sabe onde quer chegar qualquer caminho serve, mais uma vez precisamos reforçar a necessidade de planejar as nossas entregas para realizar os objetivos. Desde o Planejamento estratégico, desdobrado em diretrizes, passando pelo portfólio, programas e até chegar às entregas finais realizadas pelos projetos.
Assim, temos o caminho que deve ser percorrido por todas as entregas sucessivas de valor, que devem ser realizadas em ciclos curtos e constantes até chegar no propósito ou o grande objetivo organizacional. Nesse sentido, vamos trabalhar com os conceitos de planejamento ágil, que nos remete ao pensamento enxuto, desenvolvido em ondas sucessivas e centrado na geração de valor aos clientes.
Documento de Visão
As diretrizes iniciais do planejamento ágil devem partir de um documento de visão. Esse documento de visão deve ser estruturado contendo pelo menos as seguintes informações:
- Objetivo SMART do projeto: defina um objetivo específico, mensurável, atingível e delimitado na linha do tempo.
- Principais requisitos dos produtos ou serviços: defina quais serão os principais requisitos que deverão compor os produtos e serviços que serão entregues pelo projeto.
- Cliente: quem, empresas, departamentos ou pessoas que utilizarão os produtos ou serviços que serão desenvolvidos?
- Necessidade: por que o cliente precisa do produto ou serviço que será desenvolvido e quais são os recursos críticos para esse cliente?
Com esse documento de visão do projeto já temos os elementos iniciais de planejamento e podemos partir para o detalhamento. Esse detalhamento levará sempre em conta o pensamento enxuto, então tome cuidado ao descrever algum item que “talvez um dia, quem sabe…”, poderá ser utilizado. Aqui, devemos nos concentrar em validar as necessidades do ponto de vista do cliente, planejando o necessário, nem mais e nem menos.
Backlog do Projeto
No guia do Scrum 2020 temos o conceito de Product Backlog, que é uma lista ordenada e priorizada do que é preciso para criar ou melhorar o produto ou serviço. Aqui, vamos chamar de backlog do projeto, pois sabemos que temos outras necessidades inerentes a entregas que devemos realizar.
Assim, os itens mapeados no backlog do produto, devem ser organizados e empacotados para entregas na linha do tempo. Esses pacotes que contêm um determinado grupo de entregas podem ser organizados por meio do planejamento das releases e do backlog das sprints.
O ponto central aqui no backlog do projeto é o dimensionamento das entregas. Segundo o SCRUM, os developers (nome atribuído aos participantes do time exceto: Dono do Produto e Scrum Master) são responsáveis por realizar as estimativas. O Scrum Master terá o papel de guiar o time nessas estimativas, o dono do produto ajudará a entender as necessidades e até realizando possíveis trocas de prioridades, caso seja necessário.
Compromisso: Meta do Produto
Uma novidade do Guia do Scrum 2020 foi a de adicionar comprometimentos em alguns artefatos. Assim, para o Backlog do produto temos um compromisso, que é Meta do Produto. Este descreve um estado futuro do produto e serve para calibrar o foco do time para o objetivo mais valioso, fazendo com que, a cada entrega realizada, a meta geral fique mais próxima.
Como estimar o Backlog do Projeto?
As estimativas representam um grande desafio para qualquer tipo de projeto ou de metodologia. Elas podem ser realizadas por especialistas das áreas, utilizando algum parâmetro de produtividade do mercado ou usando a base histórica da empresa. Façamos aqui um grande destaque para a base histórica da empresa, onde são coletados os seus índices de produtividade, através dos registros realizados dos projetos que foram construídos ao longo do tempo.
De modo geral, os métodos ágeis se baseiam em conhecimento empírico para realizar as estimativas. Então, na medida que vão aumentando seu conhecimento sobre o desafio, podem produzir cada vez mais estimativas confiáveis e realizadas acerca das entregas e do projeto que estão desenvolvendo.
Em se tratando de estimativa de atividades, quando estamos planejando as sprints, podemos utilizar o planning poker. Isso mesmo! Já pensou que um jogo de cartas pode te ajudar nas estimativas de um projeto? Através de uma escala de Fibonacci, que serve para medir a complexidade das tarefas, o time joga cartas e busca um consenso sobre o tempo necessário para realizar cada entrega.
Release Planning
O conceito de release é utilizado para realizar as grandes entregas do projeto, geralmente representa fases ou grandes etapas dos projetos. Cada release possui um conjunto de sprints que forma uma entrega de valor para os clientes. Imagina que você possa ter um projeto dividido em grandes fases, essas fases nós chamamos de releases. Cada uma dessas grandes etapas pode possuir várias sprints com suas respectivas entregas.
Por exemplo, na construção de um aplicativo, podemos ter a seguinte estrutura:
- Release 1 conterá todo o desenvolvimento de leiautes e o design da aplicação,
- Release 2 conterá toda a codificação da aplicação e;
- Release 3 conterá todos os testes que devem ser realizados até o lançamento da aplicação.
Dessa forma, podemos planejar as macro entregas que serão realizadas ao longo do desenvolvimento do produto ou serviço, bem como saber quantas sprints precisaremos para entregar cada fase.
Veja esse outro exemplo utilizando o planejamento da Meliva:
Note que todo o backlog desse projeto foi estimado, priorizado e organizado em 27 sprints. Por sua vez, cada sprint tem seu backlog dividido em várias atividades. Nesse planejamento, possuímos releases que entregam grandes blocos de formação interconectados para os clientes. A release 1 contém as sprints de 01 até 07, a release 2 contém as sprints de 08 a 14, a release 3 as sprints de 15 a 21 e por fim, a release 4 as sprints de 22 a 27.
Desta forma, na medida em que cada release (fase ou etapa) for entregue, mais próximos os clientes estarão do objetivo geral.
Backlog das Sprints
O Backlog da Sprint é composto pelo conjunto de itens do backlog do Projeto que foram selecionados para a Sprint, que são ainda desdobrados em atividades pelo time. Ao final da entrega desse conjunto de itens, teremos um incremento ou uma parte do produto que contribuirá em direção a meta geral do projeto.
Dessa forma, de acordo com o tempo geral estimado pelo projeto e do tamanho das sprints, poderão ser calculadas quantas sprints serão necessárias para entregar cada release e consequentemente o backlog geral do projeto.
Assim, o planejamento utilizando os conceitos de agilidade deve sempre ser direcionado pelas entregas de valor aos clientes, através do resultado de cada sprint. Os resultados gerados devem fazer sentido e ser validados pelos clientes. Nesse sentido, eles poderão entender que, na medida em que estas entregas de valor são realizadas, mais próximo o time estará de seu objetivo geral.
No artigo de hoje, passeamos pelos conceitos de planejamento ágil, entendendo como estruturar o projeto desde o documento de visão, passando pelo backlog do projeto, releases e sprints.
E vimos também que o foco central do planejamento é a entrega rápida e sucessiva de valor, realizada em ciclos para os clientes.
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Sócio-diretor da Mundo de Projetos e co-fundador da Meliva.
Professor de pós-graduação em agilidade e projetos.
Mestre em inovação corporativa.
Coordenador de MBAs IPOG