Você acredita que, se as empresas tivessem parado de olhar para os seus competidores, teriam conseguido criar soluções mais competitivas e inovadoras e até mesmo as disrupções que surgiram no mercado e mudaram a forma das pessoas se relacionarem com produtos e serviços na indústria, mas que foram criadas por startups e não pelos líderes nas indústrias tradicionais?
Como é possível inovar sem olhar para a concorrência, criando novos mercados inexplorados e não tendo que brigar mais por preço?
Se você respondeu sim, que inovar sem ter que olhar para a concorrência é algo muito difícil de acontecer, então esse conteúdo vai te ajudar a mudar essa visão e te guiar na difícil tarefa de criar produtos ou serviços mais competitivos no mercado.
A difícil tarefa de inovar quando a atenção é voltada para a concorrência
Quando uma empresa busca criar um diferencial competitivo na indústria que atua para os seus clientes, dificilmente ela consegue gerar inovações sem olhar para o que a concorrência também está fazendo.
As empresas em geral, nos mais variados segmentos, costumam navegar em um Oceano Vermelho, cheio de tubarões. E, se tem tubarão, há sangue. Fazendo uma analogia com o mercado em geral, são competidores se degladiando, competindo pelo mesmo espaço, pela mesma fatia de mercado, onde o diferencial competitivo na maioria das vezes será oferecer um produto mais barato que o seu concorrente.
Mas será que é possível inovar de verdade sem se preocupar com os concorrentes? Leia essa frase abaixo.
“A única maneira de vencer a concorrência é parar de tentar vencer a concorrência.”
– W. Chan Kim
Nesse artigo, vou te mostrar como não só é possível, como também apresentar exemplos reais de uma empresa que conseguiu inovar utilizando-se dos princípios dessa metodologia apresentada aqui, num setor altamente regulamentado e repleto de barreiras legais, o que tornaria o pensamento criativo e inovador mais limitado.
Chan Kim e Renée Mauborgne’s, foram protagonistas no conceito da Estratégia do Oceano Azul (2004), nome dado ao livro que escreveram que se tornou best-seller no mundo ao abordar de modo tão prático e inteligente um framework ou template que ajuda as empresas a gerarem valor em seus negócios ao criarem ou ressegmentarem mercados mais competitivos tornando a concorrência irrelevante.
Na metodologia da estratégia do Oceano Azul, uma empresa precisa olhar seis perspectivas, conforme a tabela abaixo que compara o jeito de pensar de uma companhia com pensamento tradicional e outra que adota o método proposto.
Do pensamento tradicional no Oceano Vermelho para o inovador no Oceano Azul
Trata-se mais do que apenas criar uma inovação, pois envolve pensar e redesenhar todas as atividades e processos organizacionais, envolvendo questões de utilidade, preço e custo na oferta de valor aos compradores e que precisam estar alinhados aos aspectos operacionais e funcionais da empresa.
Apesar da teoria ter surgido em 2004, alguns estudos de casos apresentados no livro da Estratégia do Oceano Azul, tratam de empresas que surgiram muitos anos antes, pegando por exemplo a indústria circense, que numa época que era discutido uma Lei no Canadá, onde ficava proibido o uso de animais em circos, precisando se reinventarem imediatamente, mas muitos circos não sabiam o que fazer, devido a estratégia de diferenciação que usavam ser baseada em cima do portfólio de atrações com animais diversos e política de preços com descontos.
Tornando a concorrência irrelevante
Em 1984, dois artistas de teatro e dança de rua, Guy Laliberté e seu amigo, Daniel Gauthier, aproveitando-se do momento que o seu país vivia e um financiamento do governo de Quebec, fundaram o Cirque du Soleil na cidade de Baie-Saint-Pau , a fim de atender a demanda de criarem atrações em comemoração ao aniversário de Quebec.
Guy que mais tarde em 2000, adquiriu as cotas do seu sócio, reinventou o modelo de negócio de circos tradicionais definindo as estratégias de eliminação, redução, aumento e criação de valor no segmento tradicional de circo, ao trazer para os espetáculos não mais animais, mas malabaristas que imitavam no limite do corpo humano.
O comportamento do animal gerava uma sensação de aproximação com o público, com muita música, dança e uma história que se baseou no circo de Moscou. Dessa forma, conseguiu criar os maiores espetáculos e shows que o público poderia assistir, tornando-se líder de mercado até os dias atuais.
Essa análise pode ser vista conforme esse template abaixo. Considere que você está nesse exato momento praticando esse pensamento em prol de ajudar a sua empresa a criar uma estratégia de Oceano Azul.
Quando se fala em gerar inovações nas empresas tradicionais, o foco sempre está na melhoria ou incremento de soluções existentes no mercado. Foi-se a época que a administração e o marketing eram orientados a criarem as melhores estratégias comerciais e publicitárias para mostrar ao cliente que ele precisava do produto ou serviço de uma determinada empresa ou marca.
Atualmente, a administração e o marketing precisam ser orientadas para se criar a máxima experiência possível aos clientes, devido a mudança constante do comportamento do consumidor.
Ao olharmos para o mercado em geral, pegando como modelo aqui o segmento de varejo, de bens de consumo, uma empresa para se diferenciar de seu concorrente sempre vai focar em inovações essenciais e tecnológicas, melhorando na forma, no sabor, na embalagem, no produto ou na oferta por meio digital, mas com foco no que já oferece hoje no mercado, por outro lado a concorrência irá caminhar para a mesma estratégia e muitas das vezes a competição acontece com foco na entrega do “menor valor”.
Brigar por preço pode culminar numa corrida “sangrenta”, injusta e desfavorável no tempo, pois é impossível se manter mais competitivo e inovador apenas ajustando os valores de tabela. Sempre quando um concorrente aparecer, oferecendo uma solução semelhante, de forma mais acessível e mais barata, a tendência é os clientes de nichos migrarem para esta.
Dando como exemplo um caso recente, que aconteceu na cidade de Goiânia – Goiás, uma empresa operadora de transporte público coletivo – TPC – conseguiu criar o primeiro aplicativo da América Latina que um usuário chama um “ônibus” por meio do seu celular.
A estratégia de diferenciação ocorreu quando, olhando para a forma que o modelo funcionava no Brasil e acompanhando as tendências das soluções de mobilidade individual, foi eliminado os pontos fixos e a cobrança fixa por tarifa, permitindo a criação de rota virtual com base na origem e destino real do passageiro e cobrança conforme a distância percorrida. Se você quer saber mais sobre esse caso, visite o site: www.citybusbr.com.
Veja também o artigo: Os 6 D’s da Disrupção – Democratizando e desmonetizando a indústria.
Como aplicar a Estratégia do Oceano Azul olhando para as inovações disruptivas
Nesse artigo, pudemos conhecer um pouco sobre como empresas podem aplicar a Estratégia do Oceano Azul para criarem novos mercados por meio do template de eliminar, reduzir, aumentar e criar valor na indústria.
Vimos também que a estratégia do Oceano Azul é mais que inovação, pois necessita de mudança completa na estrutura de atividades e processos organizacionais de uma empresa e que, para chegar em um resultado almejado, é preciso uma equipe dedicada e disposta a validar em campo as hipóteses planejadas, por meio de exemplos que foram citados.
No próximo artigo sobre esse tema, iremos ver como aplicar os 4 estágios da inovação de valor, que são o: despertar visual, a exploração visual, a matriz de avaliação de valor e a comunicação visual para definir estratégias de como deslocar os concorrentes e ser mais competitivo no mercado, olhando para as necessidades reais dos clientes.
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CEO na PontoGet Inovação e Sócio na Meliva
Professor de MBA em Inovação.
Ajudo médias e grandes empresas a tornar seus colaboradores mais criativos, inovadores e produtivos.