Pensar em uma nova ideia e propor uma solução inovadora, às vezes, parece ser algo fácil.
E eis que surge as perguntas: “E agora? Como vou desenvolver e o que vou desenvolver?”.
A maioria dos empreendedores pensam no processo tradicional de desenvolvimento de produtos e soluções. A partir de uma ideia formatada, basta iniciar para o desenvolvimento e. preparar o lançamento.
Mas, desenvolver produtos ou serviços que atendam à real necessidade do cliente e seus desejos priorizando as oportunidades de soluções existentes, quais serão desenvolvidas que irão gerar, de fato, valor ao nosso perfil de cliente ideal? Como afirma, Ash Maurya (2011) em seu livro, Running Lean.
“As pessoas se preocupam com os problemas deles, não com a sua solução”
Ash Maurya – mentor e escritor
Do processo tradicional de desenvolvimento de produtos ao desenvolvimento do cliente
É importante compreender que nessa etapa de buscar as soluções para as dores dos clientes, não estamos falando ainda em desenvolver o produto final, mas chegar em um rico brainstorming de insights para soluções que aliviem as dores ou atendem às necessidades destes clientes.
Depois de identificar as melhores oportunidades, mostraremos em outros artigos as técnicas e as ferramentas para desenvolvimento do MVP – Produto Mínimo Viável.
Assim, poderemos criar e implementar a solução a partir dos conceitos sugeridos por Eric Ries em seu livro, A Startup Enxuta, por meio de ciclos curtos, ágeis e iterativos com baixo risco e pouco investimento.
Para chegar nesse momento, você deve ter passado por toda a jornada de construção e validação de hipóteses de uma ideia, com o processo de Descoberta do Cliente, do Steve Blank e Bob Dorf (2014) descrito no livro ‘Startup: Manual do Empreendedor’.
No modelo tradicional de desenvolvimento de produtos e serviços, é comum começar com uma pesquisa de mercado. Depois passar para a elaboração de planejamento e, em seguida, partir para a criação da solução. E por fim testá-la.
Mas o risco de errar nesse processo é grande, uma vez que se consome muitos recursos e tempo sem ter a certeza que o mercado irá aderir à solução.
Quando inovamos olhando para o fator humano como principal motivador, as reais dores e necessidades das pessoas, uma das melhores abordagens é seguir a jornada do Design Thinking, representada na imagem a seguir, aliada aos métodos de desenvolvimento de startups e práticas ágeis.
Assim, compreende-se que a hora certa de pensar nas oportunidades de soluções é quando foi feita toda a análise e validação dos problema do cliente.
Tendo a definição do problema validado e criado a jornada real do cliente com a validação das etapas mais criticas que ele sente quando está em busca de atingir o seu Job to be done – o trabalho que quer que seja feito, chega a hora de pensar nas propostas de soluções.
Resgatando a jornada real do perfil de cliente ideal (ICP)
Note que na imagem a seguir, que representa uma jornada real do ICP, percebemos que o grande objetivo aqui é transformar as maiores dores identificadas em alívio de dores e, assim, possibilitar a criação de geradores de ganhos em uma nova jornada.
Agora, chegou a hora de pensar na geração, de fato, das oportunidades.
Comece elencando as dores mais critícas da jornada e, para cada uma, descreva as oportunidades identificadas.
Imagine, por exemplo, que uma pessoa precisa ir para o trabalho e, para isso, vai até o ponto de parada esperar até o ônibus pare por la.
Dor | Oportunidade 1 | Oportunidade 2 | Oportunidade 3 | Oportunidade … |
Esperar o ônibus chegar no meu ponto de parada | Reduzir o tempo de espera no ponto | Alterar o local de parada do ônibus | Mudar de meio de transporte | Evitar se deslocar |
Fazendo um deep dive (mergulho profundo) da inovação e analisando as melhores oportunidades
Como buscar oportunidades além do óbvio, indo na profundidade da inovação, em busca de um diferencial competitivo em relação a como a concorrência olha para as mesmas dores?
Se você trouxer para esse tópico os aprendizados obtidos quando realizou a empatização das personas extremas do seu projeto ou ideia, quando o foco era compreender o comportamento dessas personas no contexto do que pensam e sentem, do que ouvem e vêem e do que falam e fazem; pensar em soluções que tocam os sentimentos das pessoas pode ser o “grande pulo do gato” para gerar inovações de alto impacto.
A maioria das empresas desenvolvem produtos e serviços em cima do que as pessoas ouvem, vêem, falam e fazem, mas muito poucas empresas desenvolvem soluções partindo do que, realmente, seus clientes estão sentindo e pensando, no seu âmago mais profundo e obscuro, onde poucos conseguem enxergar
Após identificar cada oportunidade, responda às seguintes perguntas sempre com foco em encontrar um diferencial na matriz de inovação da PontoGet, onde deverá buscar inovar nos quadrantes de tecnologia e modelo de negócios.
Perguntas para fazer do ponto de vista da tecnologia
- Qual a tecnologia é necessária para aliviar a dor existente nessa oportunidade?
- Essa tecnologia já está disponível no mercado, é fácil e barata de se implantar?
- Deve ser criada, aparenta ser complexa no desenvolvimento?
- Os clientes já possuem alguma familiaridade com essa nova tecnologia?
- Essa nova tecnologia mudará a maneira do seu cliente passar pela jornada dele, de que forma?
Perguntas para fazer do ponto de vista do modelo de negócio
- Que mudanças no modelo de negócio atual da jornada do cliente serão necessárias para aliviar a dor existente?
- O modelo de negócio que pretende adotar, já foi testado em outras soluções no mercado, mesmo que em mercados diferentes? Melhor momento para fazer um benchmarking aqui.
- Que outras indústrias, setores já conseguiram mostrar mudanças semelhantes no modelo de negócios dela que surgiram efeito ou não? Procure justificar.
- O modelo de negócio pretendido foi bem aceito pelos clientes?
- Como esse novo modelo de negócio irá mudar a jornada real do cliente?
Concluímos no artigo de hoje que antes de começar o desenvolvimento de um produto ou serviço no mercado para chegar na solução final, devemos olhar para a jornada real do cliente e capturar as dores mais críticas.
Para cada dor identificada, será preciso descobrir as melhores oportunidades de soluções, encontrando a viabilidade de implementação dessas com base na tecnologia a ser adotada e nas mudanças a serem feitas no modelo de negócio da jornada atual do cliente.
CEO na PontoGet Inovação e Sócio na Meliva
Professor de MBA em Inovação.
Ajudo médias e grandes empresas a tornar seus colaboradores mais criativos, inovadores e produtivos.