O Design Sprint é uma metodologia participativa, desenvolvida por Jake Knapp, no Google Ventures. É uma maneira informal e ágil para conceber, estruturar e testar novas ideias sobre produtos ou serviços, em um curto espaço de tempo.
O que considerar e quando usar o Design Sprint?
Como o próprio Jake diz: “É difícil encontrar boas ideias. E mesmo as melhores enfrentam um caminho de incertezas em direção ao sucesso no mundo real.” Assim, o Design Sprint é uma excelente ferramenta para fazer a análise de viabilidade dos projetos. Através do passo-a-passo contido no método é possível refletir e entender melhor sobre as demandas ou uma possível solução para os problemas apresentados. Importante considerar para utilizar o método:
- Alto valor estratégico da demanda
- Pouco tempo disponível
- Complexidade do projeto
Além dessas considerações, precisamos refletir: quando usar? Imagine uma necessidade estratégica para empresa, com pouco tempo disponível para execução e ainda com um alto nível de complexidade. Se você identificou pelo menos um desses fatores, tem um forte indicativo para o uso do Design Sprint. Afinal, esse é um excelente exercício antes de investir tempo e dinheiro em uma ideia, antes do time começar a trabalhar em um projeto dispendioso ou antes de começar a desenhar algo complexo.
Dessa forma, o Design Sprint é altamente recomendado para:
- Identificar a viabilidade de um projeto ou de um novo negócio
- Desenvolver novos produtos ou serviços
- Definir estratégias de negócios
- Aperfeiçoar produtos e serviços já existentes.
Preparação para o Design Sprint
Para que o método aconteça e se obtenha os resultados desejados, é preciso uma preparação para os momentos intensos que serão vividos. Por isso, devemos verificar os seguintes aspectos:
- Desafio: deve ser de longo prazo e conectado à estratégia organizacional. Destacando que devemos olhar para o foco DO cliente, alinhar com a área de negócios o objetivo e os entregáveis do Design Sprint.
- Time Multidisciplinar: deve-se garantir que os especialistas e os que os envolvidos na demanda faça parte desse time. Além dos especialistas, é necessário a figura do facilitador que conduzirá o processo e do decisor para ajudar o time nas decisões difíceis, onde seu voto tem um peso maior do que dos demais. Aqui vale aquela regra do tamanho dos times ágeis, sendo indicado equipes de até 7 pessoas, no máximo 9.
- Espaço dedicado: em tempos de trabalho distribuído ou remoto, nem sempre é possível ter todo o time no mesmo espaço físico para as atividades. Sendo o ambiente físico, digital ou até mesmo híbrido, o essencial é evitar que ruídos atrapalhem o time para não perderem o foco em seus momentos de concentração. Um grande problema para administrar são as possíveis interferências vindas da rotina dos participantes ou da operação da empresa, por isso, recomenda-se que os participantes travem duas agendas e fiquem o mais “Off” para demais atividades.
- Atividades programadas: será seguido um roteiro com as atividades intensas num passo-a-passo para chegar ao objetivo, em cinco dias na seguinte sequência:
- Dia 1 – entender e definir;
- Dia 2 – divergir;
- Dia 3 – decidir;
- Dia 4 – prototipar e;
- Dia 5 – validar.
Para cada etapa da sprint um objetivo deve ser alcançado e o time só avança se a etapa atual estiver concluída.
Como funciona o Design Sprint?
O método, conforme figura abaixo, apresenta um ciclo de 5 dias de atividades programadas para desenvolver a ideia ou desafio.
Para cada etapa aqui representada por um dia da semana, devem ser entregues seus objetivos planejados obrigatoriamente, a fim de avançar para os próximos passos. Veja os detalhes de cada um dos 5 dias:
1° dia – Segunda-feira
No primeiro dia do Design Sprint, temos que ter claro o alvo, vendo a solução de “trás pra frente”, ou seja, começando pelo fim para mapear todas as possíveis soluções. Para que isso aconteça, defina um objetivo de longo de prazo e pergunte aos especialistas sobre a questão gerando a maior quantidade de ideias possíveis.
- Defina o objetivo de longo prazo: Deve ser definido conforme a estratégia organizacional, por exemplo: Gerir Projetos com Agilidade.
- Liste dois ou três problemas que podem acontecer: devem ser refletidos pelos especialistas os prováveis problemas que podem acontecer pelo caminho de acordo com o conhecimento da cultura da empresa e equipe. Ex.: Envolver todos os níveis hierárquicos, separar os projetos da operação e definir um processo enxuto. Deve ser feita a seguinte pergunta: “Como podemos?”,
- Como podemos resolver tal desafio ou tal demanda? Imagine que o desafio é implantar um Escritório de Projetos, dessa forma, os especialistas produzirão a maior quantidade de insights:
- Como podemos implantar um Escritório de Projetos?
- Como podemos desenvolver os processos de Gestão de Projetos?
- Como podemos ser efetivos e não burocratizar?
- Como podemos envolver toda a empresa?
- Faça um mapa da jornada dos envolvidos: Desenhe o fluxo com a jornada dos stakeholders ou envolvidos até atingirem o seu objetivo. Quais são as fases ou etapas que os envolvidos passam para gerir seus Projetos com agilidade?
- Selecione as melhores ideias: As ideias são representadas por todos os participantes, com seus respectivos fluxos de solução. Dessa forma, são classificados fluxos e agrupadas as soluções semelhantes e em seguida, os participantes votarão nas melhores ou mais promissoras propostas. Além de conversar com os especialistas do assunto, aqui vale o peso do decisor nas escolhas do foco em que a equipe atuará.
2° dia – Terça-feira
O segundo dia é dedicado a aperfeiçoar o que foi criado no primeiro dia, a partir dos mapas e fluxos, fazer os esboços de soluções baseadas na construção da etapa anterior.
- Ajuste e aperfeiçoe: Deverá ser realizado nesse momento um trabalho individual em grupo! Isso mesmo, as pessoas em grupo devem desenvolver seus esboços ou mapas das soluções individuais, para que depois sejam escolhidas/aperfeiçoadas.
- Técnica Crazy 8s: Para tirar o time da zona de conforto todos são convidados a desenharem 8 ideias ou variações numa folha de papel em 5 minutos. Num ritmo acelerado os participantes devem dobrar uma folha de papel de modo a formar 8 quadrantes e em cada quadrante, realizar os seus desenhos.
- Rascunho: Siga o passo-a-passo demonstrado para facilitar e desenhe a solução para o alvo escolhido.
3° dia – Quarta-feira
No terceiro dia você terá um bom problema, muitas e possíveis soluções que levará o time a tomar decisões mesmo sem o consenso do grupo ou dos argumentos de venda. Vamos afunilando os processos para desenhar as melhores propostas.
- Decidir sobre as melhores soluções: Após uma apresentação das soluções que chegaram até essa etapa, deverá ser feito pelo time uma nova análise crítica e estruturada para escolher os melhores rascunhos para aprofundamento da ideia. Mais uma vez aqui vale o peso do decisor.
- Transformar os esboços vencedores em Storyboard: Com a ajuda de um quadro, um flipchart caso o trabalho seja presencial e com material analógico, ou de um quadro digital, tente criar pelo menos 9 etapas para representar toda a solução proposta.
4° dia – Quinta-feira
Uma fachada realista é tudo que você precisa para aprender som seus clientes, portanto é a hora de construir um protótipo da solução.
- Entrevistas com os usuários da solução: Da forma mais realista possível, é preciso criar um protótipo para que ser usado e obter o feedback para a solução proposta. A forma desse protótipo dependerá muito da solução que está construindo, veja por exemplo as possibilidades:
- Se o produto está numa tela, use ferramentas como PowerPoint ou Keynote;
- Se está no papel, desenhe ele no Word, PowerPoint ou Keynote;
- Se é um serviço, use o time do design sprint como atores para simular;
- Se for um espaço físico, modifique o espaço existe para as características da solução;
- Se for um objeto, modifique um objeto existente ou realize a impressão utilizando uma impressora 3D.
5° dia – Sexta-feira
Esse é o grande dia para testar a solução que foi desenhada, coletando todo aprendizado através da apresentação/uso do protótipo. O teste tem o objetivo de identificar os padrões com o grupo que experimentará o protótipo da solução construída.
- Teste e aprenda: O teste deverá ser feito com pelo menos 5 clientes, escolhendo um participante que conduzirá uma a apresentação da solução e uma entrevista sobre as impressões do cliente sobre o que foi apresentado/experimentado. Se for possível e com o consenso do cliente, filme e transmita ao vivo para os demais participantes do Design Sprint para possam fazer suas observações pessoais.
Muitas vezes será útil corrigir o protótipo e testá-lo novamente para aprimorar a solução. O certo é que os participantes da Sprint saberão o que fazer após o resultado desse ciclo. Pode ser que as próximas Sprints na sequência para aprimorar a solução não necessite do ciclo completo dos 5 dias.
Sobre a sugestão do ciclo em 5 dias, esse tempo pode ser perfeitamente adaptado de acordo com a necessidade e restrições de sua equipe. O importante é seguir as fazes discutindo as ideias, divergindo e convergindo sobre a solução e por fim, construindo e validando os protótipos.
Conclusão
No artigo de hoje, foi apresentamos a estrutura e um passo-a-passo de como realizar o método do Design Sprint! Entendemos que o design é muito importante para desenhar possíveis soluções para projetos que ainda não estão claros e que podem ser complexos. Isso economiza tempo e dinheiro, além de fazer uma validação do ponto de vista de que irá realmente utilizar a solução
Além disso, vimos que para conceber, estruturar e validar as ideias, precisamos de um time multidisciplinar, com um facilitador e um decisor ao longo do desenvolvimento das atividades.
Caso nosso conteúdo tenha sido útil para você neste momento, não deixe de compartilhá-lo para que mais pessoas também tenham acesso e possam entender um pouco mais sobre como realizar o design Sprint para resolver problemas complexos e validar ideias em apenas 5 dias.
Por enquanto ficamos por aqui, um grande abraço e até a próxima!
Sócio-diretor da Mundo de Projetos e co-fundador da Meliva.
Professor de pós-graduação em agilidade e projetos.
Mestre em inovação corporativa.
Coordenador de MBAs IPOG
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