Conheça o professor Marston
No ano de 1928, o doutor em psicologia pela universidade de Harvard, prof. William Marston, estava ministrando mais uma aula na universidade.
Ele apresentava a sua teoria, recém-lançada, sobre os perfis comportamentais das pessoas em suas relações sociais.
Para Marston, o mundo seria um lugar melhor se fosse liderado pelas mulheres.
Algumas pessoas o apelidaram de “o primeiro homem feminista”.
Ele acreditava tanto neste ponto de vista que escreveu um livro intitulado “As emoções das pessoas normais”.
Marston disse: “As nossas emoções combinadas acabam por definir quatro tipos de comportamentos sociais: A dominância, a influência, a estabilidade e a conformidade.”.
E para comprovar suas hipóteses teóricas, Marston criou, com a ajuda de sua esposa Elisabeth, um aparelho capaz de medir a pressão arterial das pessoas enquanto eram questionadas.
E tudo isso convergiu para a sua demissão da Universidade, alguns anos depois. Sendo rejeitado pela sociedade americana nas décadas de 1930 e 1940.
Este foi o primeiro ato – A apresentação
Porque Marston foi demitido
Durante as suas aulas apresentando a sua teoria comportamental, Marston e sua esposa Elisabeth, ambos professores em psicologia buscavam alunos interessados em serem assistentes em sua tese comportamental D.I.S.C.
Eles entrevistaram dezenas de candidatas e candidatos até escolherem Olive Byrne, uma jovem aluna que deveria ajudar no desenvolvimento do aparelho de medição de pressão arterial que hoje é chamado de polígrafo, conhecido popularmente como Detector de Mentiras.
Depois de vários testes e experimentos com o polígrafo, finalmente o casal Marston conseguiu comprovar, através de evidências fisiológicas nos voluntários, a sua tese dos quatro tipos de comportamentos.
Aplicando o teste em si acabaram por descobrir que a sua esposa Elisabeth tinha o perfil Dominante, enquanto William Marston era o Influente. E a sua aluna-assistente, Olive, era a Conformista.
Quando o grupo formado pelos três interagia socialmente entre si, o comando ficava naturalmente nas mãos de Elisabeth. William era o comunicador e intermediador da relação, enquanto a jovem Olive tinha o comportamento submisso pela sua personalidade conformista.
Entretanto, a relação que começou estritamente profissional convergiu para um romance muito atribulado.
William era um homem que intermediava duas mulheres, uma extremamente dominadora e outra notavelmente submissa.
Mas esse romance não foi o que esperamos tipicamente neste contexto.
Surgiu um relacionamento de poliamor com uma família composta pelos três. Alguns anos depois essa atípica família teve quatro filhos, dois de cada mulher.
E esse foi o motivo do professor Marton e suas duas mulheres serem expulsos da comunidade acadêmica na conservadora américa da época.
Sem espaço no mercado de trabalho e totalmente discriminados pela sociedade, a família Marston sobrevivia de bicos e subempregos.
Esse seria um triste fim para a família Marston em uma época em que a igreja e as leis americanas reprovaram profundamente aquele modelo familiar.
Aqui encerramos o segundo ato – A jornada
Seria esse o fim?
Em uma era de ouro para os famosos comic books americanos (os gibis de estórias em quadrinho), retratando heróis da segunda guerra protegendo o tio Sam, William Marston que já havia escrito diversos livros e decidiu se aventurar por roteiros de quadrinhos.
Mas em uma época extremamente masculinizada com super-heróis musculosos representando a cultura da guerra, qual personagem Marston poderia criar para se destacar nesse mercado literalmente sangrento e machista?
Que tal uma mulher?
E se essa mulher não tivesse músculos definidos e vestisse roupas fetichistas em claro comportamento submisso como sua esposa Oliver.
Mas ele também podia acrescentar uma personalidade totalmente dominadora como se comportava sua esposa Elisabeth.
E quais seriam seus superpoderes?
Talvez se ela tivesse uma força maior que dos homens e usasse uma corda para laçar os criminosos tal como uma amazona persegue seus cavalos.
E essa corda poderia ter um poder único de obrigar as pessoas a falarem apenas a verdade, exatamente como seu detector de mentiras fazia.
William Moulton Marston, nascido em Massachusetts, EUA aos 9 de maio de 1893, Professor e Doutor em Psicologia pela Universidade de Harvard, escritor, autor da consagrada teoria D.I.S.C., criador do detector de mentiras, o polígrafo, marido de duas esposas e pai de quatro filhos em um trisal, usou todas essas experiências para criar a Mulher Maravilha.
A Mulher Maravilha veio a se tornar a primeira heroína de sucesso, sendo adquirida pela DC Comics em um sucesso imenso até os dias de hoje.
Wiliam Marston faleceu cedo, aos 53 anos de idade em 2 de maio de 1947, em decorrência de um câncer, apenas 6 anos após criar a super-heroína.
Mas Elisabeth e Olive continuaram juntas até 1985 quando conformista aluna faleceu aos 81 anos.
Elisabeth viveu até 100 anos de idade, falecendo em 1993.
A Mulher Maravilha vive até hoje nas telas de cinema e na imaginação de várias gerações, representando a força, coragem, delicadeza e sensibilidade das mulheres que William reconhecia em todas.
E aqui finalizamos o terceiro ato – A mudança
Isso é Storytelling, na prática
Quando criamos uma narrativa que envolve o leitor em uma jornada emocional, capaz de comover o espectador ao conectá-lo empaticamente com o personagem da narrativa, estamos passando uma mensagem ao contar uma estória (Story, “história” em português; e Telling, “contando” em português).
Em resumo, se criarmos um personagem que atravessa os três atos da narrativa, tal como apresentado neste artigo, podemos vender produtos, serviços ou ideias de uma maneira muito mais empática e conectora.
Veja a sequência:
1º ATO – A apresentação
Aqui apresentamos o protagonista da história, mostrando resumidamente a sua rotina em seu micromundo.
Durante a apresentação algum evento inesperado deve gerar um conflito que vai tirar o protagonista da sua rotina.
Neste artigo, o evento de conflito é visto no trecho: “E tudo isso convergiu para a sua demissão da Universidade, […]”.
2º ATO – A jornada
No segundo ato, devido ao conflito anterior, o protagonista passa por diversas provações e desafios a fim de chegar ao segundo conflito, agora maior e mais desafiador que o inicial.
O trecho que mostra esse momento é: “Esse seria um triste fim para a família Marston em uma época em que a igreja e as leis americanas reprovaram profundamente aquele modelo familiar.”.
3º ATO – A mudança
No último ato, com o grande conflito final, o protagonista passa a ter uma nova rotina, completamente diferente e antagônica à rotina anterior.
Nessa nova rotina, a mensagem principal é transmitida para a audiência.
Com um desfecho preferencialmente heroico, o protagonista deve deixar um legado de transformação antes de se despedir.
É aqui que o desfecho acontece: “A Mulher Maravilha vive até hoje nas telas de cinema e na imaginação de várias gerações, representando a força, coragem, delicadeza e sensibilidade das mulheres que William reconhecia em todas.”.
Agora você já sabe como construir histórias que convençam o seu público a comprar a sua mensagem principal, que deve ser a proposta de valor do seu produto ou serviço.
CEO na Meliva
Design Thinking Specialist.
Professor e especialista em inovação corporativa.
Engenheiro de computação e físico com ênfase em quântica.
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