Para Montgomery, economista e professora de estratégia na Harvard Business School:
“Estratégia significa acima de tudo, satisfazer uma necessidade não atendida. Fazer algo de forma única ou excepcionalmente bem”.
Cynthia Montgomery
Nesse sentido, para realizar aquilo que a empresa precisa para satisfazer uma necessidade de mercado ou de seu negócio, é preciso criar um mapa ou um roadmap, que significa traçar um caminho que deve ser percorrido para atingir os objetivos estratégicos.
No artigo de hoje, vamos falar um pouco sobre esse roadmap, que será usado para conduzir as organizações ao sucesso de seus negócios, tornando-as mais competitivas e preparadas para os cenários desafiadores.
Portanto, se você se interessou pelo tema e gostaria de entender como desenhar o roadmap para sua estratégia, você está no lugar certo.
Esperamos que você aproveite a leitura e consiga refletir sobre como desenhar seu roadmap estratégico para consolidar os objetivos de sua organização.
Então vamos lá? Continue aqui com a gente!
O modelo clássico do Planejamento estratégico
As estratégias convencionais, amplamente discutidas por gestores e líderes dos mais variados segmentos, apresentam algo como um GPS ou um Mapa que aponta o melhor caminho para alcançar um destino, um destino esse, diga-se de passagem, fixado em um futuro a médio e longo prazo no Planejamento Estratégico.
Inicialmente, os pensadores da estratégia concentravam-se em sistematizar os princípios da gestão eficaz, sendo que o foco estava centralizado nos ganhos da eficiência operacional. Nesse cenário, ainda não existia tanta preocupação com o ambiente externo onde a empresa estava inserida, qual deveria ser seu posicionamento de mercado e quais seriam seus concorrentes.
As 5 forças de Porter
Segundo Porter:
“O pensamento estratégico raramente ocorre de maneira espontânea. O planejamento formal fornece a disciplina para parar de vez em quando para pensar em questões estratégicas.”
Michael Porter
É nesse sentido de pararmos de tempos em tempos para pensar nas questões estratégicas da empresa, que numa outra fase do pensamento estratégico, Porter propõe o olhar sistêmico para ambiente onde a empresa se encontra.
Ao propor o conceito das chamadas 5 forças, acontece uma ruptura na estratégia tradicional onde não só a eficiência operacional é levada em consideração, mas o ambiente onde o mundo começa a ter suas mudanças aceleradas e várias outras possibilidade de produtos, negócios e concorrência surgem onde havia a predominância das empresas, precisando agora deixar claro o posicionamento da empresa.
Nesse sentido acontece o olhar para fora, buscando uma nova visão com o objetivo de enender como o negócio e a empresa são percebidos pelos seus consumidores e parceitos. Para os dias de hoje no chamado mundo V.U.C.A (um acrônimo para descrever as características marcantes do momento: Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade) esse exercício é muito importante para chegarmos no nível de Adaptabilidade exigido atualmente para as organizações.
Veja quais são essas 5 forças:
- Ameaça de produtos substitutos.
- Ameaça de entrada de novos concorrentes.
- Poder de negociação dos clientes.
- Poder de negociação dos fornecedores.
- Rivalidade entre os concorrentes.
No sentido de entender esse ambiente e não focar apenas na concorrência e em que já existe no mercado, vimos aqui na Estratégia do Oceano Azul onde precisamos buscar a inovação para criar uma outra relação anulando ou neutralizando a concorrência e estabelecermos condições favoráveis para negociação com clientes e fornecedores.
O Clássico Mapa Estratégico – O Balanced Scorecard.
O BSC é um método criado por Robert Kaplan e David Norton para o Gerenciamento da estratégia da empresa, abrangendo os os principais conceitos que devem ser observados pelas organizações. Com ele é possível criar um mapa onde podemos encadear e conectar as perspectivas da organização culminando no objetivo principal da estratégia.
É indiscutível sua amplitude e sua aplicabilidade, por isso precisamos ver do que se tratam essas perspectivas do famoso Balanced Scorecard:
1. Perspectiva de Aprendizado e Crescimento: É o grupamento de ativos e atividades. Determina os ativos intangíveis a serem alinhados e integrados para criar valor. Aqui devemos realizar a pergunta: Para realizar nossa visão, como a organização de aprender e melhorar?
2. Perspectiva Interna: Processos de criação de valor. Identifica os processos que transformarão ativos intangíveis em resultados para os clientes e em resultados financeiros. Para definição , devemos realizar a seguinte pergunta: Para satisfazer os clientes, em que processos devemos ser excelentes?
3. Perspectiva do Cliente: Proposição de valor para o cliente. Esclarece as condições que criarão valor para os clientes. Aqui devemos fazer a seguinte pergunta: Para realizar a visão, como devemos cuidar de nossos clientes?
4. Perspectiva Financeira: Relações de causa e efeito. Define a cadeia lógica pela qual os ativos intangíveis serão convertidos em valor tangível. Aqui fazemos a seguinte reflexão: Se formos bem sucedidos, como seremos percebidos pelos nossos acionistas?”
Respondendo às perguntas dentro desse encadeamento desde a perspectiva de aprendizado e crescimento até a perspectiva financeira, podemos então montar um quebra-cabeças ou um mapa que nos leva até a visão ou o propósito definido pela organização.
As estratégias adaptativas: você precisa se adaptar
Neste momento, não como um contraponto ao método apresentado até aqui do pensamento estratégico, mas de maneira complementar e atualizada ao modo de pensar e agir pelas empresas nos dias atuais. Falar de estratégias adaptativas em uma realidade de pandemia soa, inclusive, bastante pertinente.
Estamos vivendo, talvez, um dos maiores pontos de inflexão dos últimos tempos, onde uma mudança abrupta e inesperada, causada por uma crise sanitária, alterou severamente a forma como vivemos e, principalmente, como trabalhamos e entregamos valor.
Invariavelmente, todos os segmentos empresariais tiveram de se adaptar, tiveram de ser água e contornar, ou, pelo menos tentar, sobrepor-se, de alguma maneira, às terríveis consequências geradas pela pandemia do Novo Coronavírus. Um grande e novo desafio colocou em xeque as estratégias de gestão das organizações.
Porém, a reflexão que se deve fazer é a de que esse processo de transformações e rupturas não é algo novo ou recente. Os impactos da Covid-19 vieram apenas para reafirmar que os cenários, principalmente nos ambientes empresariais, são dinâmicos e que as estratégias adaptativas para lidar com estes fenômenos devem estar no topo da pauta de todo líder empresarial.
Permanecer, portanto, aterrados nos modelos clássicos de gestão já não faz mais sentido diante desse novo ambiente, imprevisível e não maleável. Mudanças substanciais nas tecnologias, necessidades de clientes, ofertas da concorrência, mudanças na estrutura do setor sinalizam, então, a necessidade de uma abordagem adaptativa.
Diferentemente dos planejamentos tradicionais, os quais a grande maioria levam em consideração ciclos de até 5 anos, a ênfase das estratégias adaptativas está na experimentação contínua e nos ajustes em tempo real, ao invés de análises e planejamentos de longo prazo, cuja efetividade já está se tornando cada vez mais obsoleta, embora não descartável.
Desenvolver estratégias em um campo adaptativo requer muita observação. Para além do foco NO cliente, as empresas adaptativas precisam olhar com DO foco do cliente. O que o cliente enxerga, a partir de qual ótica? O que você precisa enxergar, quais sinais precisa capturar para dar uma resposta mais assertiva para todas essas mudanças de ambientes?
Principais características da abordagem Adaptativa:
- Ênfase na experimentação e ajustes em tempo real na proposta de valor;
- Ambiente complexo de prever e de modelar, com vantagens de curta duração;
- Observação do ambiente e de sua jornada para obter respostas junto às novas estratégias;
- O cliente no centro das estratégias;
- Gestão ágil e inovadora de projetos e processos;
- Gestão e execução em dados e guiadas por indicadores de resultado;
- Cultura organizacional e pessoas engajadas em seu propósito.
O RoadMap das Estratégias Adaptativas
Como uma opção para complementar as estratégias tradicionais e manter as empresas competitivas num cenário de frenéticas mudanças, apresentamos uma opção de um novo Mapa, ou um Roadmap para ser percorrido e manter as estratégias adaptadas e com o foco DO cliente.
Quando começamos o desenho da Estratégia apresentamos o pensamento do Círculo Dourado de Simon Sinek, onde o POR QUE significa o Propósito Organização da Empresa, que será conseguido pelo o COMO que é o Processo e o QUE que significa o resultado, formando esse dois últimos a cadeia de valor com os seus processos estabelecidos.
Na imagem do Roadmap apresentado das estratégias adaptativas, percebemos o quanto no Modelo da Meliva que interagimos com a cadeia de Valor, passando várias vezes pelos processos de Agilidade e Inovação. Notem que até aqui na Estratégia, a partir do Propósito definido, percorremos:
- A definição das diretrizes e objetivos
- O desdobramento e priorização dos objetivos
- As ações nos projetos ágeis definidas (responsáveis serão definidos junto com as equipes)
- Roadmap estratégico e dinâmico
E, assim, o ciclo continua com os processos de agilidade e inovação sempre conectados com a estratégia. Seja bem-vindo ao ciclo infinito do pensamento sob uma nova perspectiva, onde entendemos que neste novo mundo, sobreviverão as empresas que souberem verdadeiramente se adaptar para continuar entregando valor aos seus clientes, mantendo seus negócios.
No artigo de hoje, passeamos pelos conceitos da Estratégia tradicional, passando pelas 5 forças de Porter e o Balanced Scorecard de Kaplan e Norton, até chegar no significado das estratégias adaptativas nas organizações. Entendemos a importância de avaliarmos as mudanças intermitentes no mercado, principalmente com a ótica do cliente, apresentando o Roadmap das Estratégias Adaptativas.
Vimos que inovar e ser ágil em realidades instáveis, é decisivo para a contínua entrega de valor da organização para seus clientes e principalmente para manutenção dos negócios.
Por enquanto ficamos por aqui, abraços e até a próxima!
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Sócio-diretor da Mundo de Projetos e co-fundador da Meliva.
Professor de pós-graduação em agilidade e projetos.
Mestre em inovação corporativa.
Coordenador de MBAs IPOG