Se você já foi em alguma feira de hortifruti na sua cidade (padrão CEASA) ou em qualquer outro lugar do Brasil, sinta-se uma pessoa orgulhosa das suas experiências, afinal você sentiu a verdadeira essência de um marketplace (mercado, em português) funcionando em sua majestosa “ordem caótica”.
Pessoas e carrinhos com caixas com todos os tipos vegetais que o ser humano pode comer disputam os estreitos corredores.
Enquanto isso compradores e vendedores negociam, freneticamente, produtos frescos que acabaram de chegar dos produtores rurais.
E nesse ambiente o preço mais baixo geralmente representa a venda mais rápida.
Mas, mudando de assunto da água para o vinho, ou poderia dizer, dos vegetais para os bytes de computador, você assina algum serviço de streaming como, por exemplo, Netflix ou Spotify?
Em caso afirmativo, parabéns, você sabe como funciona um SaaS – Software-as-a-Service (Software como Serviço, em português).
Neste artigo, vamos nos aprofundar nesses dois tipos de modelos de negócios, considerados os mais populares dentre a maioria das empresas que atuam no mundo digital.
Além do SaaS e do Marketplace
Antes você termine de ler este artigo acreditando que só existem os dois tipos de modelos de negócios que acabei de citar, saiba que a lista é bem maior do que, provavelmente, você pensava.
Veja alguns exemplos (eu disse alguns!):
- SaaS;
- Marketplace;
- Marketing Multinível;
- All-Inclusive;
- Serviços Produtizados;
- Crowd-learning;
- Licenciamento;
- Metering;
- Donationware;
- Franshising;
- P2P – Peer-to-Peer;
- PPS – Product-Service-System;
- Assinatura de consumíveis;
- O2O – Online-to-Offline;
- D2C – Direct-to-Consumer;
- Time Sharing;
- Crowdsourcing;
- Permuta;
- Leilão;
- Consignação;
- Adware;
- Games;
- Propriedade fracionada;
- Venda direta;
- Programa de Afiliados;
- Clube de assinaturas;
- Private Label;
- Whitelabel;
- Paywall;
- Compra Coletiva;
- Isca e Anzol;
- Freemium;
- Vou parar por aqui. Cansei…
E para deixar você ainda mais em choque, geralmente esses modelos são combinados entre si para a criação de um modelo de negócios híbrido, atendendo necessidades específicas.
Como você acabou de ver, há bem mais que apenas dois tipos de modelos de negócios, como o título desse artigo sugere.
Mesmo com essa quantidade de modelos disponíveis para empreendermos, o marketplace e o SaaS representam a grande maioria dos negócios digitais atualmente.
Com tamanha variedade de estilos, é esperado que esses dois modelos sejam adulterados (se me permite a analogia com a farra dos combustíveis aqui no Brasil) com tantos outros modelos sendo adicionados uns aos outros.
O marketplace (puro e simples)
Por esse motivo, vou me ater na definição mais purista do conceito de marketplace.
Vou chamar esse modelo de marketplace-raiz.
O marketplace-raiz é aquele negócio digital que permite vendedores e compradores se encontrarem e negociarem entre si. Simples assim.
Aqui no Brasil, o exemplo mais raiz que posso apresentar é Mercado Livre.
Se você for um consumidor, basta entrar no site e digitar o que está buscando.
Se você for um vendedor, ofertando o que o cliente procura, seu anúncio vai aparecer no resultado de buscas.
Aí basta o comprador incluir os dados para finalizar a compra e pronto!
Uma pessoa vendeu e outra comprou.
Sem mais firulas, esse é o marketplace-raiz.
Mas como a plataforma de marketplace ganha dinheiro?
Bem, agora a pureza do modelo de negócios será adulterada pelas possibilidades de modelos de receita.
É possível ganhar dinheiro cobrando uma taxa de intermediação, ou oferecendo publicidade direcionada, ou permitindo que vendedores criem seus ambientes personalizados em whitelabel, etc.
Não existe uma regra. O que importa é descobrir a receita ideal para o negócio em questão.
O SaaS (pai de todos)
Essas quatro letras (ou seriam apenas duas?) escritas em palíndromo, representam uma revolução sem precedentes no mundo dos softwares.
Antes da internet dominar o nosso planeta e conectar praticamente todos os computadores existentes, a melhor (ou talvez, única) maneira de usar um software era instalando o programa na máquina.
Como não havia internet para enviar o arquivo de instalação, era necessário levar o código em alguma mídia física.
Começamos pelo cartão perfurado, migramos para os disquetes, para os CD-ROMs até chegarmos nos pendrives.
A tecnologia de armazenamento evoluiu, mas o modelo de negócios era o mesmo.
Você precisava comprar uma cópia do programa original.
Então, isso fazia de você o dono daquela cópia. Era, de fato, um bem material que você possuía.
Mas a internet abriu espaço para outro modelo de negócios.
Ao invés de comprar uma mídia e instalar o software no seu computador, bastava você logar no site do produto que você deseja e utilizar seus recursos diretamente pelo navegador web.
Nascia o software como serviço, que hoje conhecemos por SaaS.
Os filhos de SaaS
Esse subtítulo acima ficou bacana, não acha? Daria um ótimo filme épico.
O pai SaaS ensina seus descendentes a ganharem dinheiro investindo o modelo de negócios.
Ao invés de vender seus produtos para os clientes, eles passam a entregar o serviço de forma recorrente.
Então o filho mais velho, PaaS, decide parar de vender cortadores de grama e agora cobra dos seus clientes uma mensalidade para manter a grama de seus jardins sempre bem cuidada.
Enquanto isso, MaaS, o filho que era dono de uma frota de taxis, vende todos seus veículos e passa a oferecer aluguel de patinetes pela cidade.
O que achou do roteiro para esse filme?
Brincadeiras à parte, atualmente existe uma gigantesca arvore genealógica que nasceu do conceito original do SaaS.
- BaaS – Banco como serviço;
- CaaS – Containers como serviço;
- DaaS – Device as a Service;
- …
- IaaS – Infraestrutura como Serviço;
- MaaS – Mobilidade como Serviço;
- PaaS – Plataforma como Serviço;
- SaaS – Software como Serviço;
- ZaaS – Zuêra como Serviço;
Tirando o último, juro que os demais são verdadeiros!
Entregar soluções como serviço tem sido um caminho sem volta.
Um dos grandes exemplos nesse movimento dos softwares vem da maior licenciadora de software dos anos de 1990.
A Microsoft, gigante da tecnologia, que cresceu vendendo cópias do Windows e do pacote Office, hoje oferece o Windows 11 gratuitamente e cobra uma assinatura recorrente para acesso ao Office 365.
SaaS ou Marketplace?
É comum ouvir clientes me perguntando se é melhor criar um SaaS ou um Marketplace.
Para que pessoa entenda que essa comparação não faz muito sentido, eu costumo responder essa pergunta com outra pergunta:
“Você acha que eu compro um carro ou um terreno?”.
Geralmente ouça a seguinte resposta: “Depende! O que você precisa agora?”.
De forma análoga, o fator de decisão entre marketplace ou SaaS dependerá do negócio que será desenvolvido e como os clientes terão acesso à solução ofertada.
E para deixar claro, definitivamente, de que não existem apenas opções excludentes do tipo essa ou aquela, atualmente percebemos a crescimento de um novo tipo de modelo de negócios chamado de SaaS Marketplace.
Na prática estamos falando de uma plataforma de marketplace que você pode assinar diversos serviços de terceiros.
A exemplo do Wordpress, com soluções SaaS para hospedagens de sites, oferece uma plataforma de marketplace onde desenvolvedores independentes podem vender seus plugins para potencializar o desenvolvimento de sites.
“Concluímos, portanto, que não há regras rígidas quando falamos a respeito de modelos de negócios. “
Mas dentre as dezenas de possibilidade de modelos para um negócio faturar, os modelos mais difundidos e conhecidos são: SaaS e Marketplace.
Aprendemos também que podemos combinar vários modelos de negócios de incontáveis maneiras, a fim de criarmos um negócio único que entregue o maior valor possível para o cliente.
Com tudo isso, você acha que consegue identificar os modelos de negócios da maioria das empresas atuais?
Qual o modelo de negócios que você acredita ser o nosso aqui na Meliva?
CEO na Meliva
Design Thinking Specialist.
Professor e especialista em inovação corporativa.
Engenheiro de computação e físico com ênfase em quântica.
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