Planejamento é uma palavra que deve estar presente em todos os ambientes, principalmente nos de projetos. É importante entender que algumas boas práticas e ferramentas, computacionais ou não, podem nos ajudar a termos um plano mais eficaz e exequível.
No artigo de hoje, vamos entender quais são e como utilizar essas ferramentas e técnicas para nos auxiliar em nossos planos.
Durante sua leitura, reflita sobre as técnicas que você vem usando ou, se ainda não está, como elas podem estar presentes de agora em diante no seu dia a dia.
Esperamos que você aproveite a leitura e consiga refletir sobre como aplicar ou repensar a maneira de planejar projetos.
Planejar o planejamento
Pode soar estranho, mas precisamos dedicar um tempo para pensarmos como iremos planejar nossos projetos. O tempo que levamos planejando também deve fazer parte do escopo.
Muitas vezes, nos deixamos enganar e cometemos pequenos erros que podem trazer grandes transtornos. Não dedicar tempo suficiente para planejamento é um deles.
Quando se trabalha com métodos preditivos, utilizamos de ferramentas e técnicas para elaboração de cronogramas, custos, riscos e outros elementos do projeto. No entanto, quando se trata de práticas ágeis, o caminho pode ser um pouco diferente.
Embora o planejamento seja um momento pensado antes de executar o projeto, na prática ele acontece a todo momento. Planejamos como vamos planejar, como iremos executar, controlar e assim por diante. O planejamento não acontece apenas em um momento.
Quando se trata de cronograma, muitas são as práticas e ferramentas que podemos utilizar, mas o centro de tudo deve ser as pessoas, pois são elas que irão entregar o resultado.
Uma boa prática é deixar as pessoas que vão executar as tarefas realizar as estimativas, pois elas conhecem do trabalho que deverá ser realizado.
Não conversar com as áreas, não dedicar um momento para entender o esforço envolvido em cada atividade, pode ser o início de desentendimentos no decorrer do projeto.
Assim como as atividades, suas durações também devem ser informadas por quem irá executá-las. No entanto, algumas armadilhas devem ser evitadas.
Boas práticas de planejamento de projetos
Definir quais são as atividades que precisamos realizar para gerar cada entrega do projeto é um grande desafio, mas algumas ferramentas e técnicas podem nos ajudar.
Durante o processo de estimar cada atividade, fazer entrevistas e conversar com quem realmente entende o que deve ser feito é uma excelente prática para planejamento. Embora pareça óbvio, essa prática é comumente deixada de lado às vezes.
Estimar a duração de cada atividade pode ser e, muitas vezes, é uma tarefa difícil, pois estamos trabalhando com o futuro. Uma boa técnica que irá ajudar a estimar as durações é a estimativa de três pontos. Ela utiliza três cenários: o Otimista, Pessimista e o Mais provável.
Vejamos:
Imagine que uma atividade precise ser realizada, mas a pessoa que será responsável não tem muita certeza quanto à sua duração. Nesse caso, a técnica de três pontos pode ser uma boa saída.
A visão pessimista leva em consideração o pior cenário, considerando todos os acontecimentos negativos.
Vejamos um exemplo:
A atividade de “Aprovar o contrato” depende de muitas variáveis, então se tudo der errado levará 30 (trinta) dias. Essa é uma visão pessimista (P).
No outro extremo está a visão otimista (O). Se tudo der certo conseguimos a assinatura do contrato em (8) oito dias.
Em uma análise de riscos e conhecendo mais o cenário, temos a visão mais provável (M). No exemplo do contrato, se alguns fatores derem certos e outros não, conseguimos a assinatura em 25 (vinte e cinco) dias.
Agora que temos os três cenários utilizamos a simples fórmula: Pessimista + Otimista + Mais provável e dividimos por três: P + M + O / 3.
P = 30
O = 8
M = 25
30 + 25 + 8 = 63
63/3 = 21
Nesse caso, um prazo de 21(vinte e um dias) seria o ideal se levarmos em consideração os três cenários.
Essa mesma analogia pode ser utilizada para estimar em horas ou mesmo calcular custos quando o ambiente é muito incerto.
Ferramentas e técnicas ágeis
Entrando no universo da agilidade, o planejamento pode necessitar de algumas técnicas que possibilitem estimar cenários ainda mais incertos.
A montagem e priorização do backlog do produto ou do projeto ajudará todos os envolvidos a entenderem qual será o macro sequenciamento das entregas, mas ele não dará a visão das atividades que cada pessoa irá realizar.
O Product Owner irá priorizar o backlog com utilização de algumas técnicas, mas cabe ao time, desenvolvedores, estimar cada atividade que será realizada para gerar as entregas, olhando para os períodos de tempos (time boxed) e os esforços envolvidos.
Do macro ao micro
Os desenvolvedores devem trabalhar para estimar cada atividade com suas respectivas durações e sequenciamentos, pois são eles que trabalharão na execução dessas atividades.
Um cuidado ao se planejar uma atividade é o de não se atentar para os épicos. Épicos são atividades com uma duração muito grande, o que dificulta sua estimativa.
Garantir a adesão de todos os colaboradores. Essa atividade pode ser considerada um épico caso a pessoa que está responsável pela sua realização não consiga explicar como ela será construída. Nesse caso, o ideal é detalhar o épico em atividades menores.
- Elaborar um plano de engajamento
- Montar estratégia de abordagens
- Comunicar as pessoas
Essas três atividades poderiam ser utilizadas para desdobrar o épico em algo que os desenvolvedores consigam entregar.
Uma orientação das práticas ágeis é a de não estimar uma atividade com mais de oito horas para a sua execução. Assim, fica mais fácil dar visibilidade ao que realmente está sendo feito, evitando o gerúndio constante.
Quando um épico fica muito grande, a pessoa responsável provavelmente entrará em um círculo vicioso do gerúndio nas reuniões diárias, pois sempre dirá: estou fazendo.
Planning Poker
O Planning Poker é uma técnica utilizada para buscar consenso do time durante as estimativas.
O Planning Poker tem como base a sequência de Fibonacci (matemático Leonardo Pisa) 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89.
Existem algumas variações e ajustes na sequência utilizada no planejamento ágil, como por exemplo: 0, ½, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 20, 40, 100 e ?.
O sugerido é que tenha um baralho com as cartas e cada membro tem seu baralho. Quando uma atividade é debatida, cada pessoa do time escolhe uma carta e coloca na mesa. Quanto mais baixa a numeração, menos complexa a atividade é considerada.
Caso um membro coloque a carta de número 1, por exemplo, e outra pessoa coloque 40, ambos devem justificar o porquê da sua escolha, pois pode ser que um dos lados não tenha entendido direito qual era a complexidade da atividade.
O objetivo é buscar o consenso. O Planning poker deve contar com a presença do Product Owner.
Quando o consenso é atingido, todos pegam seu baralho novamente para avaliar outra atividade.
Essa é uma técnica que ajuda os desenvolvedores a entender com maior nível de detalhes cada atividade que precisa ser desenvolvida.
Conclusões
Seja em projetos que necessitam de uma abordagem mais clássica ou mais ágeis, todos precisam de planejamento.
Entender e utilizar de boas práticas ajudará a acelerar a curva de aprendizado e maturidade das pessoas e, consequentemente, da organização.
Envolver as pessoas que realmente irão executar as atividades aumenta as chances, tanto de acertos no planejamento quanto o nível de engajamento.
No artigo, navegamos por práticas, técnicas e ferramentas de gestão para aumentar as chances de acertos nas estimativas de projetos. Pessoas engajadas e com a utilização das melhores práticas tornam-se um terreno fértil para o crescimento organizacional.
Planejar é desenhar o futuro, que possui suas incertezas, mas com boas práticas podemos ter maior visibilidade do que podemos enfrentar.
Ficamos por aqui! Um abraço e até a próxima.
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Sócio-diretor na Mundo de Projetos e co-founder na Meliva
Professor de pós-graduação em agilidade e projetos.